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A arte secular do arco de serra ainda respira

Acompanho o comportamento da temperatura média dos últimos 62 anos registradas pelas estações meteorológicas de Porto Alegre (83967 – Jardim Botânico) e de Torres. A escolha destas estações se deve ao fato de terem dados disponíveis no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) desde 1961 e são as duas estações com menor falta de dados.

Os dados foram divididos em dois grupos: os registros que ocorreram a partir do equinócio de outono até o final do inverno e os dados a partir do equinócio da primavera até o final do verão. Esta divisão não altera o resultado comumente usado, que é a análise anual dos dados.

O gráfico a seguir apresenta o comportamento da temperatura média compensada (TMC) das estações de Porto Alegre e Torres no equinócio de outono. Em vermelho, é a estação de Porto Alegre; em verde, a de Torres. A partir das retas obtidas, pode se saber quanto de alteração houve. No caso, a estação de Porto Alegre mostra um acréscimo de 0,71°C e a de Torres 0,69°C.

Gráfico 01 – Oscilação da TMC durante o equinócio de outono nas estações de Porto Alegre e Torres
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.

O gráfico a seguir apresenta o comportamento da temperatura média compensada (TMC) das estações de Porto Alegre e Torres no equinócio de primavera. Em vermelho, é a estação de Porto Alegre; em verde, a de Torres. A partir das retas obtidas, a estação de Porto Alegre mostra um acréscimo de 0,75°C e a de Torres 1,51°C

Gráfico 02 – Oscilação da TMC durante o equinócio da primavera nas estações de Porto Alegre e Torres
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.

Neste período de 62 anos, podemos fazer uma análise em três fases distintas do comportamento da TMC.

A primeira, corresponde de 1961 a 1978, quando temos um leve declínio da TMC registrada pela estação de Porto Alegre, respectivamente -0,22°C -0,43°C, conforme os gráficos 3 e 4.

A estação de Torres apresentou um leve acréscimo no equinócio de outono de 0,07°C (gráfico 03) e mais significativo no equinócio de primavera (de 0,72°C (gráfico 04).

A razão deste comportamento da TMC registrada pela estação de Torres, pode estar vinculada na prevalência da presença da Corrente Brasileira (CB), corrente que traz as águas quentes do trópico neste período, conforme Gramcianinov[1] (2012).

Gráfico 03 – Oscilação da TMC no equinócio de outono no período de 1961 a 1978
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.
Gráfico 04 – Oscilação da TMC no equinócio de primavera no período de 1961 a 1978
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.

Temos na sequência, um longo período com falha de dados, decorrentes de políticas públicas que menosprezaram a manutenção das estações meteorológicas, o que impede de se poder definir o momento que houve a inversão da TMC registrada pela estação de Porto Alegre.

O que os dados mostram, é a evolução ascendente da TMC no período de 1996 a 2018, conforme os gráficos 05 e 06, onde temos um acréscimo de 1,01°C na estação de Porto Alegre e 0,58°C na estação de Torres no equinócio de outono, e 0,89°C na estação de Porto Alegre e 0,70°C na estação de Torres no equinócio de primavera.

Gráfico 05 – Oscilação da TMC no equinócio de outono no período de 1996 a 2018
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.
Gráfico 06 – Oscilação da TMC no equinócio de primavera no período de 1996 a 2018
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.

A partir de 2019, as duas estações apresentam um leve declínio na TMC. No equinócio de outono, -0,10°C na estação de Porto Alegre e -0,23°C na estação de Torres. No equinócio de primavera, -065°C na estação de Porto Alegre e -0,78°C na estação de Torres.

Gráfico 07 – Oscilação da TMC no equinócio de outono no período de 2019 a 2023
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.
Gráfico 08 – Oscilação da TMC no equinócio de primavera no período de 2019 a 2022
Fonte: INMET trabalhados pelo autor.

[1] GRAMCIANINOV, Carolina Barnez. Variabilidade da Corrente do Brasil na região da Confluência Brasil-Malvinas através de simulações numéricas. Dissertação de Mestrado em Oceanografia Física. USP. 2012. Disponível em: < https://teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=17&Itemid=160&id=17A5C7414551&lang=pt-br>.

 

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